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Fusões e aquisições: mesmo com desafios, ano deve ser de oportunidades

Apesar de um cenário bastante conturbado e desafiador para os negócios, o ano de 2023 deve trazer à tona oportunidades interessantes no segmento de fusões e aquisições no Brasil. Afinal, a expectativa é que o mercado seja bastante movimentado, sobretudo porque, de um lado, há empresas e investidores capitalizados e em busca de novas possibilidades e, de outro, companhias com o caixa ainda muito fragilizado.

Essa dificuldade financeira, inclusive, impulsionou o mercado de fusões e aquisições no Brasil ao longo do ano passado. Segundo dados da Dealogic, no acumulado entre janeiro e a primeira quinzena de dezembro de 2022, ocorreram 909 transações no Brasil, com giro financeiro total de US$50,5 bilhões.

O movimento, no ano passado, foi puxado por empresas já consolidadas em seus segmentos de atuação e com uma posição de caixa confortável. Elas tiveram boas oportunidades para ir às compras e adquirir companhias menores, aumentando sua participação no mercado ou mesmo diversificando sua atuação, pois ampliaram a possibilidade de acessar novos setores, regiões e até mesmo outros países.

Em certa medida, isso deve continuar acontecendo ao longo deste ano. Afinal, em momentos como esse, nos quais ainda prevalece um alto grau de incerteza no cenário econômico doméstico e internacional, os preços dos ativos tendem a se tornar mais atrativos, abrindo boas oportunidades de novos negócios. Logo, no ano que se inicia, fusões e aquisições devem ganhar ainda mais espaço no Brasil.

Nesse cenário, tanto empresas quanto investidores financeiros, nacionais e estrangeiros que estejam capitalizados largam na frente e têm vantagem na disputa.

Compra de controle

Um aspecto interessante observado nas transações ocorridas no ano passado diz respeito ao desenho societário das operações anunciadas. Nesse sentido, o que se viu durante o período foi que as empresas brasileiras que foram ao mercado e realizaram fusões e aquisições optaram, quase sempre, por transações nas quais houve a compra do controle da concorrente, seja logo no anúncio da transação ou ao após prazo determinado.

Esse, portanto, tem sido o modelo de negócio mais escolhido. No entanto, também houve casos nos quais a empresa compradora preferiu criar um corporate venture capital. Trata-se de um fundo que viabiliza o investimento em companhias que complementam seu ecossistema de negócios, apoiando e acelerando a estratégia de inovação.

Já pelo lado dos investidores financeiros, é importante notar que a atuação do mercado de private equity no Brasil encolheu bastante ao longo dos últimos anos. Isso aconteceu, principalmente, porque muitos fundos estrangeiros que têm governança corporativa robusta venderam suas operações para concorrentes locais e saíram do País, em mais uma clara indicação de que o ambiente de negócios no Brasil é, no mínimo, bastante complexo e pouco amigável.

Setores de destaque

Outra boa notícia para empresas com dinheiro em caixa é que diversos setores da economia estiveram envolvidos em operações de fusão e aquisição durante 2022.

Nós, da Virtus BR, por exemplo, atuamos ativamente em diversos negócios de segmentos relacionados à energia, infraestrutura e concessões.

Foram os casos, entre outros, das vendas do controle da Focus Energia para a Eneva por R$960 milhões e de 100% da Espra, complexo de PCHs detido pela Renova Energia (em processo de recuperação judicial) por cerca de R$300 milhões.

Além disso, assessoramos a AEGEA na privatização de CAGECE, para serviços de esgoto no Ceará, que prevê investimento total de quase R$20 bilhões.

Estratégia de internacionalização

Já no que diz respeito a investimentos para além das fronteiras nacionais, chama a atenção o movimento que grandes empresas brasileiras fizeram nessa direção. Companhias que lideram seus setores de atuação no País têm procurado, com essa estratégia, diversificar sua base de ativos também fora dele, entrando em regiões que oferecem menor risco e maior estabilidade.

É o caso, por exemplo, da Votorantim. Como não tem mais como crescer no setor de cimentos no Brasil, a tradicional companhia vem investindo em ativos do segmento em países da Europa e também nos Estados Unidos.

A compra da Avon pela Natura e a participação cada vez mais relevante da JBS no exterior parecem ser outros indicativos de que, para as empresas de referência, consolidadas no Brasil, a internacionalização talvez seja uma tendência e não algo apenas pontual.

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