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ESG, o inverno europeu e oportunidades para o Brasil em energia

Às vésperas daquele que promete ser um inverno bastante rigoroso no Continente, a Europa se prepara para enfrentar um desafio capaz de causar ainda mais calafrios que as baixas temperaturas da estação: a escassez de energia. Sem poder contar com o fornecimento de parte do gás russo, já que o país está envolvido na Guerra da Ucrânia, as principais economias da região – como Alemanha, França e Reino Unido – já se movimentam para evitar que apagões durante o período atrapalhem o funcionamento da indústria e a vida das famílias. Em tempos de transição energética e boas práticas ambientais, País pode ampliar negócios e desenvolver indústria.

Além de sentirem no cotidiano e no bolso o peso que a falta do fornecimento do gás russo traz à tona, os europeus estão tendo de lidar agora com outro efeito colateral de longo prazo nada desprezível. Isso porque o plano de transição energética, que prometia a troca de matrizes poluentes por alternativas limpas, vai ter que esperar mais um pouco. Afinal, para garantir o suprimento de energia, os governos tiveram que apelar. Religaram usinas térmicas a carvão e passaram a depender ainda mais de petróleo, o que vai na contramão do discurso e, principalmente, das práticas ESG (Ambiental, Social e Governança Corporativa, na tradução para o português).

E o Brasil?

E é aí que o Brasil entra. Ao contrário da Europa, por aqui o cenário de migração de matrizes poluentes para outras que produzem energia sem usar combustíveis fósseis vai de vento em popa. Para que se tenha uma ideia, segundo projeções da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mais de 90% de um total estimado de 12,14 gigawatts que devem ser gerados ao longo do próximo ano virão das fontes solar e eólica, que são limpas. Um cenário tão favorável, combinado ao fato de que, infelizmente, ninguém sabe quanto tempo irá durar a Guerra, nos traz oportunidades de negócios em diversas frentes. E, em todas elas, é possível tirar o ESG do papel, com fontes que beneficiam o meio ambiente.

A primeira dessas frentes é doméstica. Com a disparada dos preços no mercado internacional, o Brasil pode ter enormes vantagens comparativas e competitivas caso desonere a produção de sua energia. Dessa maneira, o país teria condições de entregar esse insumo, de forma muito mais barata, à indústria local. Caso isso de fato aconteça, muitos investidores – nacionais e estrangeiros e sobretudo aqueles que voltam seus olhos para ganhos de longo prazo -, ampliarão a busca por ativos de energia no Brasil. Esse movimento, aliás, em certa medida, já pode ser observado.

Nós, da Virtus BR Partners, por exemplo, temos trabalhado e apoiado nossos clientes, nas mais diversas frentes, em transações desse tipo. Entre elas estão fusões, aquisições e captações de recursos para financiar operações do segmento de energia ou projetos cuja execução seja de curto prazo. Em geral, as protagonistas desses negócios são empresas já consolidadas no setor ou desenvolvedores de projetos que precisam monetizar seus ativos.

Vantagens para a indústria

Os investimentos na área de energia elétrica, com destaque para matrizes de geração eólica e solar, também têm contribuído para fomentar uma indústria local de fornecedores, o que é fundamental para fazer frente ao aumento de demanda por peças, produtos e serviços. Nesse sentido, as perspectivas são positivas para empresas brasileiras que entregam produtos e soluções alinhados à transição energética e à agenda ESG.

É o caso da fabricante de motores elétricos, geradores e transformadores WEG, cujos principais clientes no segmento elétrico são exatamente companhias de energia solar e eólica. A tão aguardada popularização dos carros elétricos e a chegada do hidrogênio verde em nosso mercado são outros fatores que pesam favoravelmente, estimulando novos investimentos.

Rompendo fronteiras

No entanto, as oportunidades do Brasil em transição energética com matrizes limpas e pegada ESG vão para além de nossas fronteiras territoriais. Como países do mundo todo precisam diversificar fontes de energia e estarão, cada vez mais, à procura de opções renováveis para contar com várias matrizes, o país pode se tornar um fornecedor confiável e de longo prazo.

Empresas como a Enel, por exemplo, acreditam no potencial que o país tem de exportar energias renováveis e tecnologias relacionadas ao setor. Levar essa possibilidade à frente de forma organizada, passa, claro, pelo desenvolvimento de um projeto que contemple questões de transporte, logística e até mesmo geopolítica.

Os desafios, portanto, são muitos e complexos. Mas é fato que o Brasil pode usar o inverno europeu como inspiração para trabalhar duro, como a formiga da fábula, e mais à frente colher frutos em forma de negócios, empregos e uma economia sustentável.

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